Solidão é incompatibilidade,
De ser e de estar;
Corroendo num mar de gente,
De naufrago sobrevivente.
Solidão é atrevimento,
Desespero que fortalece,
A armadura da capacidade,
De sofrer e passar.
Solidão é escolha ou azar,
Independência aos limites;
Afirmando-se indiferentemente,
Das incompreensões sociais.
Solidão é razão,
De dar negas e dizer sim,
Afirmando e querendo,
Estar só outra vez.
Solidão até que horas,
Ou por quantos mais dias;
Solidão até ao fim,
Aguentando estoicamente.
Solidão é solidez e essência,
Por procuras incessantes
E fugas desconcertantes,
Da nossa própria existência.
Solidão é amargura,
De um vazio por dentro,
Que nos envolve de fardos,
Tão difíceis de carregar.
Solidão é estigma doentio,
Do orgulhoso anti-social,
Teimosamente ancorado,
A uma cela virtual.
Solidão é auto-condenação;
Flagelados e fechados por casa,
Escondidos na multidão,
Amontoados pela vida.
Solidão são falas mudas,
Porque só as ouvem surdamente;
No desespero de quem só sente,
O vazio do seu próprio eco.
Solidão é praga social,
Antítese do que apregoamos;
Fazer tudo por todos,
Mas abandonado, apesar de tudo.
Solidão é desconforto,
De se estar sempre a mais,
Entre tudo e todos e
Até no próprio recolhimento.
Solidão também é sossego,
Na procura e na análise,
Do recolhimento à introspecção,
Na oração e pelo pensamento.
Solidão é fuga constante,
Por quem não é perseguido
E muito menos percebido,
Por todos os seus... amigos.
Serão as indecisões da vida,
As incógnitas do destino
E as decepções do passado,
Que nos tornam incongruentemente sós?
Por fim, encontramos na solidão,
O reencontro a sós,
Capaz de observar e de discernir,
Para onde ir e com quem.
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