José Porvinho é aquele lado de mim, que também pode estar dentro de cada um de vós(nós)...


INDECIFRÁVEIS DESCONTENTAMENTOS

“Corremos Ceca e Meca” para aqui chegar. E agora que aqui chegámos, já queremos ir embora. Não é o pão-nosso de cada dia, mas acontece-nos vezes demais.
Existe uma procura quase impraticável e um descontentamento quase indecifrável; daquilo que queríamos só até o termos; e de onde desejaríamos estar, só até lá chegarmos. Deixando no ar, a ilusão de uma insatisfação desejada ou de uma insanidade consciente – o que nos atrapalha suficientemente o nosso viver, já por si demasiado atroz.
Se calhar, somos é demasiado exagerados nos Km.s que fazemos, uns exigentes do caraças na atenção que pretendemos e uns indecisos de primeira na procura dos nossos desejos e vontades mais evidentes.
Queremos e ansiamos sem saber muito bem o quê, como se ainda não nos conhecêssemos o suficiente. Se calhar, até é verdade. Pelo menos, ao nível do nosso mais intrínseco íntimo e do nosso mais sincero gosto, que brota de todos os nossos poros.
Outra sensação estranha, é a de que andamos normalmente atrasados em relação àquilo que nos acontece; e a de que estamos a ir a reboque de qualquer coisa, chegando igualmente fora de tempo, em relação àquilo que queríamos!
E depois claro, andamos descontentes demais e somos, cada vez mais difíceis de contentar.
Mas um dia destes, ainda havemos de acertar o passo, com o ritmo que a nossa vida devia ter e de apurar o gosto, com a maravilha que ela deveria ser!

2 comentários:

Anónimo disse...

Somos assim... o ser humano é assim. Eternos insatisfeitos sempre em busca do que julgamos dificil de conseguir e, se acaso o conseguimos, perde o valor... perde a cor dourada que embriagava de desejo de possuir e vai-se tornando cinzento... monotono... até outro objecto de desejo surgir no horizonte da nossa insasiedade...
Somos consumistas. Consumistas de tudo... de atenção, de prazer, de objectos de desejo que transformamos em objectos de desprezo da noite para o dia ou de uma hora para a outra, assim, como quem sacode uma gota de orvalho... ou um simples grão de pó.
Não, acho que não sabemos quem somos nem como somos. Vamos descobrindo a cada dia aquilo que de bom e mau nos habita e ficamos extasiados ou simplesmente descontentes com o que não gostamos em nós, mas, mesmo assim, queremos que nos aceitem tal como somos... Afinal, ninguém se faz. Não é?

Anónimo disse...

Neste caminhar silente
sem sentido nem procura
So uma voz me murmura...

É uma voz que não conheço!
busco-lhe o som sem sucesso... onde estás?

(...)Caminhas perto, eu sei...
No trilho dos mesmos passos, pisas o mesmo chão que eu procuro com sofreguidão....

A quem dera!
Quem dera conhecer-te pela voz...!
mas ai de nós, de quem procura, na noite escura, momento a momento após...

Ai de nós, de quem procura, decifrar a loucura,
do intimo de cada um de nós!

...caminhos precorridos
estradas sem saídas, becos, veredas perdidas... do intimo de cada um de nós...

E no infinito mar de incertezas
nas teias de solidão
procuramos o que não queremos,
pedaços de ilusão...

AM