Temos que deixar de ser aqueles “bons alunos”, que dizem que sim a tudo; mas que depois e perante a iminência de más notas e respectivas penalizações, proclamam por um teste de recuperação… salvador. E aí, se pudermos enganá-los com provas bem recheadas de resultados satisfatórios, muito bem; senão vamos ver se passamos na mesma, iludindo os avaliadores/decisores ou até, cabulando pelos nossos vizinhos.
Continuamos com aquele estigma bacoco, do “bom aluno”, bem comportado é certo, mas que nem os trabalhos de casa consegue fazer sozinho. E para dar aquela boa (falsa) imagem de “bom aluno”, lá conseguimos passar de etapa em etapa, com aproveitamento estatístico; mas onde a aprendizagem e a boa preparação, deixam muito a desejar! Neste contexto, dizemos que sim às instâncias europeias e dizemos que não, porque não, aos nossos. Depois não deixamos que se faça: não se pode; são as regras comunitárias; são os tratados que assinámos; são as metas por cumprir; são...
E nós?
E cegamente, continuamos a fazer de “bons alunos” burros – obedecendo incompreensivelmente e sem adaptar, nem corrigir e muito menos, valorizar, apoiar e criar – qual asno mais obediente!
Assinamos protocolos e programas, assumimos planos e mercados, mas depois enganamo-nos a nós e iludimos os outros; fazendo por fazer, desperdiçando oportunidades e mais investimentos; e não fazendo o que se devia fazer, para melhorar e saber aproveitar, ainda mais esta e talvez, a última época especial – o exame redentor!
“BONS ALUNOS”
DIGA?
Solidão - 18/08/2005
Solidão é incompatibilidade,
De ser e de estar;
Corroendo num mar de gente,
De naufrago sobrevivente.
Solidão é atrevimento,
Desespero que fortalece,
A armadura da capacidade,
De sofrer e passar.
Solidão é escolha ou azar,
Independência aos limites;
Afirmando-se indiferentemente,
Das incompreensões sociais.
Solidão é razão,
De dar negas e dizer sim,
Afirmando e querendo,
Estar só outra vez.
Solidão até que horas,
Ou por quantos mais dias;
Solidão até ao fim,
Aguentando estoicamente.
Solidão é solidez e essência,
Por procuras incessantes
E fugas desconcertantes,
Da nossa própria existência.
Solidão é amargura,
De um vazio por dentro,
Que nos envolve de fardos,
Tão difíceis de carregar.
Solidão é estigma doentio,
Do orgulhoso anti-social,
Teimosamente ancorado,
A uma cela virtual.
Solidão é auto-condenação;
Flagelados e fechados por casa,
Escondidos na multidão,
Amontoados pela vida.
Solidão são falas mudas,
Porque só as ouvem surdamente;
No desespero de quem só sente,
O vazio do seu próprio eco.
Solidão é praga social,
Antítese do que apregoamos;
Fazer tudo por todos,
Mas abandonado, apesar de tudo.
Solidão é desconforto,
De se estar sempre a mais,
Entre tudo e todos e
Até no próprio recolhimento.
Solidão também é sossego,
Na procura e na análise,
Do recolhimento à introspecção,
Na oração e pelo pensamento.
Solidão é fuga constante,
Por quem não é perseguido
E muito menos percebido,
Por todos os seus... amigos.
Serão as indecisões da vida,
As incógnitas do destino
E as decepções do passado,
Que nos tornam incongruentemente sós?
Por fim, encontramos na solidão,
O reencontro a sós,
Capaz de observar e de discernir,
Para onde ir e com quem.
AFINCO
A vontade tem-se mantido intacta, só o tempo é que vai prejudicando esse meu afinco.
O tempo parece que escorrega – esvai-se e não me está a ajudar. Só espero, é que como o tempo, a vontade e esse afinco não passem… nem escorreguem!